20 julho, 2012

'Menos que nada' tinha tudo para ser um filmaço


O drama "Menos que Nada" (2012) apresenta ao público uma história interessante sobre amor, doença mental e abandono, que tinha tudo para ser um filme excelente. O SRZD já assistiu ao novo trabalho do diretor Carlos Gerbase, que estreia nesta sexta-feira, dia 20.
Na trama, Dante (Felipe Kannenberg) é um arqueólogo com sérios problemas mentais, internado há anos, sem visita, sem amparo, sem absolutamente nada. No hospital não há nem mesmo o seu prontuário e nenhum médico ou funcionário conhece ao certo sua história de vida. E esse mistério instiga a residente de psiquiatria, Paula (Branca Messina), que resolve ajudá-lo, procurando três pessoas que tiveram muita importância na vida de Dante.
Paula é a única pessoa do hospital que consegue se aproximar de Dante sem medo, entregando-se completamente ao caso. Aos poucos, o paciente apresenta melhoras significativas, recuperando um pouco de sua sociabilidade, ao assistir os depoimentos do pai, da amiga de infância e de uma arqueóloga, que foi sua grande paixão. Esses depoimentos gravados pela médica, por vezes com ar de documentário, são acompanhados de flashbacks que permitem ao público conhecer a história de Dante e entender como ele foi para num hospital psiquiátrico.
O único ponto alto desse longa é a atuação impressionante de Felipe Kannenberg. O ator está excelente em cena, principalmente nas que mostram o personagem em surto psicótico. Seu desempenho emociona a plateia e suprime os problemas da produção. Quando falo em "problemas" me refiro ao roteiro fraco e atuações que deixaram a desejar, pois beiram a artificialidade.
Outro fator que incomoda um pouco é a facilidade com a qual os personagens encontram e recolhem fósseis. É tudo tão rápido e sem cuidados, que as sequências se tornam totalmente inverossímeis. É algo do tipo: "Aqui tem um fóssil. Olha, tem o fêmur, parte do crânio, uma presa...". Todos juntinhos, no mesmo local, sem nenhuma dificuldade... Parece liquidação de fósseis numa loja de departamentos.
Apesar dos problemas que o comprometem bastante, "Menos que Nada" merece ser assistido com um olhar mais crítico porque mostra o descaso com pacientes com problemas psiquiátricos. Não há estrutura no hospital, higiene, condições dignas para essas pessoas terem uma vida melhor, menos sofrida. Na verdade, fica claro nesse longa que os doentes mentais no Brasil vivem em condições sub-humanas.
"Menos que Nada" é um filme regular que tinha potencial para ser um filmaço.

Fonte: sidneyrezende.com 19.7.2012

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